O Iraque não levantou a imunidade aos filhos do embaixador do país em Portugal, após estes terem agredido um jovem em Ponte de Sor, e a situação parecia estagnada. Mas parece que a Sexta Feira 13 foi um dia de sorte para Rúben e família.
O advogado da família de Rúben Cavaco fez saber, esta sexta-feira, dia 13, que a família do jovem agredido em Ponte de Sor chegou a um entendimento com o embaixador iraquiano, celebrando um acordo extrajudicial através do pagamento de uma indemnização bem jeitosa. Embora os valores não tenham sido divulgados, deram a entender que a indemnização é bastante volumosa. Isto fecha definitivamente o assunto para a família do jovem.O advogado da família, Santana-Maia Leonardo, indicou à agência Lusa que “a vítima considera-se reparada do ponto de vista indemnizatório e moral” e que, por isso, para a família, o “caso fica encerrado”.
O mesmo Santana-Maia Leonardo, em entrevista à SIC Notícias, indicou que o valor monetário conseguido era “justo”. “O valor é um valor justo. Se fosse através da via judicial, ou do Estado português, conseguíamos um valor mais baixo”, sublinhou.
Recorde-se que Rúben Cavaco foi agredido pelos dois filhos do embaixador do Iraque em Portugal a 17 de agosto de 2016, em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre. Os dois irmãos de 17 anos deixaram o jovem de 15 anos com múltiplas fraturas, tendo sido transferido no mesmo dia para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Rúben chegou a estar em coma induzido e só acabou por ter alta hospitalar no início de setembro.
Há cerca de uma semana, Vilma Pires, a mãe de Rúben, dava uma entrevista na TVI onde pedia mais celeridade no desenvolvimento do caso. “Aquilo que nós queremos é que a justiça seja feita”, indicara à estação de Queluz Vilma Pires, sublinhando que a família iria “lutar sempre” para que os dois rapazes acusados de agredir Rúben “sejam ouvidos como arguidos” e “sejam condenados”. Mas por um bom valor, isto foi posto atrás das costas.
O que é facto é que não existe qualquer queixa por parte da família de Rúben Cavaco. A ação foi avançada pelo Ministério Público – um crime público não é dependente de queixa particular. Este acordo, portanto, não extingue o processo crime, que continua a nível penal, conduzido pelo Ministério Público, segundo confirmou a Procuradoria-Geral da República. Temos no entanto bastantes dúvidas de que estejam para se chatear, ainda para mais agora que a situação está resolvida.
Em linha com esta ideia de que o assunto é para meter na gaveta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português reagiu à notícia do acordo entre as partes dizendo que este será tido em conta na decisão sobre o processo. “Esta base de entendimento é um elemento adicional que o Governo considerará, como um entre vários elementos de que disporá, quando tiver de deliberar”, disse Augusto Santos Silva à agência Lusa, acrescentando que o Governo vai tomar uma decisão sobre o caso relativamente ao levantamento da imunidade diplomática dos dois filhos do embaixador.