É uma tragédia: um dos maiores “pulmões” do Planeta está a ser consumido pelas chamas, levando com ele milhões de animais. Possivelmente espécies que nem conhecemos.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).
O número de incêndios no Brasil já cresceu 84% este ano. Amazónia, com 52,6% dos casos, é a mais afetada. Bolsonaro responde a quem o responsabiliza e diz que passou de “capitão motosserra” a “Nero”.
O número de incêndios no Brasil cresceu 84% até dia 20 de agosto deste ano, em comparação com período homólogo de 2018. O país registou 74.155 focos até esta segunda feira, com a Amazónia a ser o bioma mais afetado.
De acordo com a imprensa brasileira, que cita dados do “Programa de Queimadas” do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma (conjunto de ecossistemas) mais afetado é o da Amazónia, com 51,9% dos casos, seguindo-se o cerrado — ecossistema que cobre um quarto do território do Brasil — com 30,7% dos focos registados no ano.
No início de agosto, o governo do Amazonas decretou situação de emergência no sul do estado e na Região Metropolitana de Manaus devido ao “impacto negativo da desflorestação ilegal e queimadas não autorizadas”.
“O Amazonas registou, de janeiro a julho deste ano, 1.699 focos de calor (focos com temperatura acima de 47°C, registados por satélite, que indicam a possibilidade de fogo). Destes, 80% foram registados julho, mês em que teve início o período de estiagem”, declarou o estado do Amazonas no seu site.
Depois de o Amazonas decretar a situação de emergência, o governo do Acre declarou, na sexta-feira passada, estado de alerta ambiental, também devido aos incêndios em matas. O número de focos de incêndio no país já é o maior dos últimos sete anos.
Ao jornal Estadão, o pesquisador Alberto Setzer explicou que o clima em 2019 está mais seco do que no ano passado, o que propicia incêndios, mas garante que grande parte deles não têm origem natural.
“Nesta época do ano não há fogo natural. Todas essas queimadas são originadas em atividade humana, seja acidental ou propositada. A culpa não é do clima, ele só cria as condições, mas alguém coloca o fogo“, afirmou Setzer.
De capitão motosserra a Nero
“Agora estou a ser acusado de pegar fogo na Amazónia. Nero! É o Nero a pegar fogo na Amazónia”, disse Jair Bolsonaro, referindo-se ao imperador Nero, acusado de incendiar e destruir Roma.
Segundo o Observador, o presidente brasileiro afasta as culpas de si, após o terem responsabilizado pela situação, e diz que o elevado número de incêndios é normal, já que “é época de queimada por lá”.
“A distância entre os pelotões de fronteira é de 200 quilómetros, os mais perto. Vamos colocar quantas pessoas para apagar fogo na Amazónia? Meu Deus do céu! Lá, é época de queimada. O que se aproveita no momento é que está tudo mudando e eu estou tocando fogo na Amazónia”, disse o chefe do Executivo, citado pelo Metrópoles.
Bolsonaro recusou ainda a ideia de usar o exército para ajudar a apagar os fogos na Amazónia devido à grande área da floresta. “O pessoal está a pedir aí para eu colocar o Exército para combater. Alguém sabe o tamanho da Amazónia?“, questionou.
O Inpe, órgão do Governo brasileiro que levanta os dados sobre a desflorestação e queimadas no país, foi alvo de críticas recentes por parte de Bolsonaro, que acusou o Instituto de estar a serviço de algumas organizações não-governamentais por divulgar dados que apontam para o aumento da desflorestação da Amazónia.
As recentes divulgações do Inpe apontam que a desflorestação da Amazónia cresceu 88% em junho e 278% em julho, comparativamente com o mesmo período do ano passado. No entanto, o Governo brasileiro nega esses dados.
Fonte: ZAP