A grande vantagem disto é que ficamos a saber que há sítios muito bons para ir de férias e provavelmente vão estar mais baratos e menos apinhados: são os que não ficam bem no Instagram.
As férias são vistas por alguns como uma ferramenta para dizer – a si próprios e aos outros – que estão bem na vida. É também para sentirem que faz sentido passarem o ano a trabalhar que nem escravos por 15 dias num resort apinhado de portugueses na República Dominicana, em pensão completa e com bar aberto.
Mas é preciso mostrar bem as férias no Instagram para que cumpram o seu propósito de causar inveja ou admiração.
As fotos servem ainda para postar nos meses seguintes à viagem, com aqueles insistentes “throwbacks”.
E não é uma fatia tão pequena assim da população a decidir as férias em função dos destinos que têm mais sucesso no Instagram: a eDreams realizou um estudo sobre os hábitos dos portugueses durante as férias e a influência das redes sociais nas suas escolhas e os resultados impressionaram.
O estudo foi conduzido pela OnePoll para a eDreams, entre os dias 13 de dezembro de 2018 e 3 de janeiro de 2019. Em Portugal foram inquiridos mil adultos que já tivessem ido de férias pelo menos uma vez. Este mesmo estudo foi conduzido também noutros países da Europa – Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido -, o que resultou num total combinado de oito mil inquiridos.
O fenómeno recebeu o nome de “Instagramável”, e também é tido em conta por espanhóis e italianos, que têm em mente o potencial das paisagens quando estão a pensar onde vão descansar . Por outro lado, os alemães e britânicos acreditam que não há mal nenhum numa foto menos espetacular, com uma paisagem de fundo mais “apagada”.
No entnato os tugas dizem que não são os influenciadores do Instagram a dar-lhes ideias sobre os destinos. Apenas 6% admitem ter ido diretamente atrás dos influenciadores. 54% dizem que foram os próprios a escolher o destino, com base nas suas preferências.
Uma cena um bocado âmbigua é que os tugas aparentemente gostam de partilhar as férias nas redes sociais e acham normal, mas não vêem com bons olhos quando os outros o fazem.
Cerca de 32% dos inquiridos pela edreams afirmaram que os viajantes que tiram mais fotos são apenas exibicionistas. 25% diz conseguir ver para além dos sorrisos esplendorosos para concluir que essas pessoas “não estão a aproveitar as férias”. 23% acreditam no que veem do outro lado do ecrã e acham que umas férias proveitosas são sinónimo de muitas fotos.
Quando as paisagens reais não estão à altura das paisagens sonhadas, 4 em cada 10 portugueses admite retocar as fotos até a perfeição ser atingida, mas a maioria (60%) contenta-se com o que está na fotografia e não faz qualquer ajuste.
Apesar de tudo, as pessoas que responderam ao inquérito, citado pelo Expresso, dizem que férias sem redes sociais não seria o fim do mundo. Os portugueses são taxativos: pior do que perder o Instagram seria perder a praia (29%), com os mais jovens a serem os que sofreriam mais com a abstinência da Internet.
Fonte: ZAP //