SIRESP Rende Largos Milhões aos Accionistas

Há negociatas mesmo boas neste país. Esta é uma delas. O famoso SIRESP mostrou-se inútil durante a tragédia de Pedrógão Grande, mas está a render bom dinheiro aos accionistas. Até 2021, esta brincadeira vai custar 568 milhões de euros ao Estado… ou melhor, a nós.

O Sistema de Comunicações de Emergência, conhecido por SIRESP, que falhou durante o trágico incêndio em Pedrógão Grande, garantiu, aos accionistas da operadora que o gere, mais de 6,67 milhões de euros em lucros, em 2016.

Estes dados constam da prestação de contas individual referente a 2015, que o Negócios revela esta segunda feira. De acordo com a publicação, a operadora que gere o SIRESP pagou mais de 6,67 milhões de euros aos seus accionistas, em dividendos, em 2016.

Em 2015, os lucros tinham sido superiores a três milhões de euros e, em 2014, tinham-se ficado pelos 749 mil euros. As contas de 2015 ainda não tinham sido encerradas e já os accionistas do SIRESP se reuniam, em Janeiro de 2016, em Assembleia-Geral, para decidir o pagamento de dividendos, tendo por base os “resultados transitados” de 2015 que superavam os 13 milhões de euros.

O jornal não conseguiu apurar se, além desses seis milhões de euros, houve lugar ao pagamento de mais dividendos aos accionistas, em data posterior.

O SIRESP, uma Parceria Público-Privada (PPP) promovida pelo Ministério da Administração Interna, tem estado envolvido em polémica, depois de ter falhado nas horas críticas do incêndio que matou 64 pessoas em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.

O Sistema de Comunicações já tinha tido falhas em anos anteriores, havendo suspeitas em torno dos moldes em que foi assinado logo desde o início. A PPP vai custar, até 2021, 568 milhões de euros ao Estado.

O maior accionista da entidade gestora do SIRESP é a Galilei, empresa agora insolvente que antes era a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que caiu no seguimento da nacionalização do BPN, e que detém 33% das acções.

Os outros accionistas são a tecnológica Datacomp (9,55%), outra empresa do universo Galilei que está em Processo Especial de Revitalização, a PT (30,55%), a Motorola (14,9%) e a Esegur, sociedade da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco que sucedeu ao ex-BES (12%).

Fonte: ZAP //


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