É um projeto ambicioso e, em certa medida, bastante vanguardista. Ainda que para já se limite à população idosa, é uma forma muito inteligente de avançar com uma espécie de rendimento básico (quase) incondicional.
Nop, não estamos a falar de um país escandinavo, nem sequer de uma Suiça ou Canadá, é mesmo da Turquia. Talvez o projeto turco até seja um pouco mais refinado do que a ideia do RBI, porque pressupõe a participação ativa para o bem da sociedade como um critério para receber o rendimento. No entanto, esse papel não é propriamente um trabalho, é apenas ajudar e apoiar a familía.Cada vez mais vai ser preciso arranjar soluções para distribuir rendimento de forma justa e equilibrada pela população: os robots vão substituir-nos no trabalho, a esperança de vida continua a aumentar… não vai haver trabalho para todos, e isso é bom! Significa que podemos dedicar mais tempo a fazer outras coisas importantes, mas também temos de ter um mecanismo que nos permita sobreviver.
A Turquia vai lançar esta primavera um projeto-piloto que passa pelo pagamento de um salário a avós com menos de 65 anos que cuidem dos seus netos, anunciou hoje o ministro do Trabalho turco, Mehmet Müezzinoglu.
O projeto será preparado durante este mês e começará a funcionar em março, inicialmente com cinco mil famílias das províncias de Istambul e Bursa, às que se juntarão a seguir mais mil famílias de outras sete províncias, explicou o ministro, em declarações recolhidas pelo diário turco Hürriyet.
As avós não poderão ter mais de 65 anos e cuidarão de bebés de entre seis meses e um ano de idade, pelo que receberão um salário mensal de 425 liras turcas, cerca de 100 euros, o equivalente a 30% de um salário mínimo nacional na Turquia.
Não interessa se a avó já recebe uma pensão de reforma ou não. A condição económica da avó não está em causa, o importante é que não tenha problemas de saúde” – Mehmet Müezzinoglu, Ministro do Trabalho Turco
O governante acrescentou, no entanto, que o projeto visa beneficiar especialmente as famílias de baixos rendimentos, pelo que serão apenas escolhidas famílias em que o salário da mãe não ultrapasse dois salários mínimos e o rendimento do agregado familiar não chegue aos três salários mínimos.
“Se o projeto-piloto correr bem, poderemos também reconsiderar o limite dos 65 anos de idade”, acrescentou o ministro. O programa deverá estender-se por um ano.
“Com este projeto queremos ajudar as mulheres e aumentar o emprego feminino. Queremos que elas possam proteger a família e as crianças sem abandonar a vida laboral”, afirmou, pelo seu lado, a ministra para a Família e Assuntos Sociais, Fatma Betül Sayan Kaya, em declarações durante o evento de apresentação do projeto.
