Quase parece mentira, mas infelizmente não é. Um crime completamente absurdo está a crescer cerca de 15% ao ano e a render milhares de euros aos criminosos. O pior é que é a própria lei espanhola a criar condições para o crime.
Em Espanha, vários grupos criminosos têm ocupado casas não habitadas, que estão para vender ou para arrendar, e mudam as fechaduras, exigindo milhares de euros aos proprietários para as abandonarem.
A lei espanhola não permite que os donos entrem na própria casa se a fechadura foi mudada sem que estejam a cometer um crime – facto que os criminosos aproveitam para pedir dinheiro aos proprietários que queiram voltar para a moradia.
“Na verdade, se o legítimo proprietário entrasse na casa iria ser culpado de um possível roubo, e até o corte da água e eletricidade poderia ser considerado um crime também”, diz o advogado Toni Garriga, citado pelo El País.
O fenómeno acontece por toda a Espanha, mas a Catalunha tornou-se no epicentro destas práticas, nos últimos anos.
O jornal espanhol relata a história de Bruno, um indivíduo que passou um mês a viver com a família e os amigos numa casa que não era sua, em Catelldefels, perto de Barcelona.
Bruno terá mudado a fechadura da moradia e não saiu de lá sem que os proprietários lhe pagassem milhares de euros.
Os criminosos aproveitam as lacunas na lei espanhola que fazem com que, para os proprietários, seja mais rentável pagar aos “sequestradores de casas” do que esperar por um processo judicial – e há casos em que a própria polícia recomenda as vítimas a negociarem.
O presidente da Associação de Propriedade Imobiliária, Joan Ollé, afirma que estes crimes são “altamente preocupantes” porque os ocupantes já têm o processo todo estudado.
“Isso já está organizado, os grupos já têm os seus advogados e sabem que tipo de casa devem ocupar e quem são os proprietários. No fim, o legítimo dono não tem direitos – sai de férias, a casa é ocupada e tem de provar que é sua”, sublinhou.
As autoridades têm alertado para o facto de este tipo de criminalidade estar a aumentar cerca de 15% em Espanha, todos os anos.