Depois do recente ataque terrorista em Nice, a França prometeu retaliação dura e imediata. Cumpriu a sua palavra: pelo menos 260 civis morreram esta semana na Síria em dois ataques aéreo da coligação internacional contra o Estado Islâmico.
O governo sírio exigiu que a ONU tome medidas imediatas contra a França e os Estados Unidos, depois de dois ataques aéreos terem provocado 260 vítimas civis na Síria. Mas muito pouco se fala disto por cá.
Em Manbij, na região de Aleppo, um ataque aéreo dos Estados Unidos provocou esta segunda feira 140 mortos. Segundo a AMN, as vítimas eram civis, com idades compreendidas entre os 20 e os 65 anos.
Na terça-feira, um ataque da Força Aérea da França provocou mais 120 mortos civis, na aldeia de Toukhan Al-Kubra, junto à fronteira turco-síria.
“O governo da República Árabe Síria condena, nos termos mais fortes, os dois massacres sangrentos perpetrados pelos franceses e norte-americanos, que lançaram mísseis e bombas contra civis”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio.
Daniel McAdams, especialista em política internacional e director do Instituto Ron Paul, recorda que, após o ataque terrorista em Nice, o presidente francês François Hollande prometeu “intensificar os bombardeamentos às posições do Estado Islâmico na Síria”, para enfraquecer e destruir a organização terrorista, que reivindicou uma série de atentados em todo o país.
“Fiel à sua palavra, o presidente francês matou mais de 120 civis na Síria“, acusa McAdams, “em retaliação por uma acção de um tunisino a residir em França, que se diz que nem sequer era muçulmano praticante”. “Isto levanta algumas questões óbvias”, continua o analista.
“Porque razão 120 civis inocentes merecem morrer na Síria por 84 civis inocentes terem morrido em França?”, pergunta McAdams.
“E como espera a França evitar consequências trágicas da sua política agressiva no Médio Oriente, que continua a fornecer uma infindável argumentação aos recrutadores de terroristas?”, conclui. O mundo parece ter entrado num trágico ciclo vicioso.
Por um lado poderá dizer-se que continuando esta política de “olho por olho” acabaremos todos cegos. Mas por outro, como travar o Estado Islâmico sem mão pesada? Estamos mesmo numa situação muito complicada, sem solução à vista.