LA LA LAND: Será que o filme é TUDO ISSO ?

Título Original: La La Land

Realizador: Damien Chazelle

Argumentista: Damien Chazelle

Elenco: Ryan Gosling, Emma Stone, J.K. Simmons, Terry Walters, Thom Shelton…


La La Land é um musical de 2016, escrito e realizado por Damien Chazelle e protagonizado por Emma Stone e Ryan Gosling nos papéis principais.

O título La La Land é justificado por o filme ser rodado em Los Angeles, e haver quem se refira à cidade dessa forma; e por o filme se passar num mundo irrealista e abstracto e Lalaland ser o termo que se utiliza na língua inglesa para dizer que alguém está com a cabeça em outro lado, a pensar noutra coisa.


Chazelle já tinha escrito o argumento para este filme em 2010, contudo por na altura ser um realizador desconhecido, não conseguiu encontrar quem o financiasse sem comprometer a sua visão artística.

Então, escreveu e realizou Whiplash (2014) primeiro, e tendo em conta o sucesso crítico e comercial que teve, Summit Entertainment adquiriu os direitos para La La Land e o filme estreou no Festival de Cinema em Veneza.

Whiplash foi um dos melhores filmes de 2014. Uma revelação para o talento de todos os envolvidos, desde realizador/argumentista até aos actores principais J.K. Simmons e Miles Teller. Foi nomeado para 5 Óscares e ganhou 3, incluindo o de melhor actor secundário para J.K. Simmons.

Ao fim de ver esse filme, eu estava extremamente ansioso para La La Land.

Considerando o realizador, elenco, as excelentes críticas que o consideram um dos melhores filmes de 2016 e o facto de ter ganho 7 Globos de Ouro e ser um forte candidato nos Óscares deste ano, as minhas expectativas estavam demasiado altas.

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Mas será que mereceu toda essa aclamação? Vamos analisar…

Em La La Land, Mia (Emma Stone) é uma aspirante a actriz, que trabalha num bar a atender estrelas de cinema entre as audições; Sebastian (Ryan Gosling) é um músico de jazz, que toca em festas ou bares.

Mas à medida que a oportunidade de sucesso vai surgindo, e os seus sonhos se vão tornando possíveis, eles são confrontados com decisões que começam a ameaçar o seu amor frágil.
Os sonhos pelos quais trabalharam durante tanto tempo, são neste momento o que ameaça a sua relação.


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O filme é soberbo em várias categorias.

A música é absolutamente maravilhosa. É um musical, por isso teria obrigatoriamente de ser um aspecto muito bem conseguido, provavelmente o melhor, e Justin Hurwitz criou aqui uma banda sonora divinal. Adoro cada segundo ritmado, a bateria, o trompete, o piano, é tudo meticulosamente coordenado de forma a fortalecer cada movimento que as personagens dão. E as próprias canções interpretadas ao longo do filme têm letras sugestivas, que se inserem bem na história.

A música principal, City Of Stars, é realmente linda.

Outro aspecto muito bom no filme é o visual. É um filme com um ambiente muito leve e animado, então as cores são uma constante, desde a roupa das personagens até às próprias paredes dos edifícios, que ou têm cores muito vivas ou grafites representando inúmeros artistas talentosos.

E neste aspecto a cinematografia de Linus Sandgren alia-se muito bem à realização divertida que Chazelle pretende. O jogo de luzes é uma constante, especialmente nos números musicais, de forma a dar destaque às personagens principais, a evidenciar que só se vêm um ou outro, e para o próprio espectador não se distrair com mais nada e ninguém naquele momento tão intimo.


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É um filme que serve de homenagem a uma época diferente e a vários filmes de outrora. Há homenagens a Casablanca, Rebel Without A Cause, Funny Face, The Umbrellas Of Cherbourg, entre outros.

E o próprio elenco recebeu do realizador uma lista de filmes que tinham de ver para ficarem com uma ideia daquilo que era pretendido para este filme.
Há outros pormenores interessantes, o próprio papel de J.K. Simmons a ser um deles. No filme anterior de Chazelle interpreta um homem que ama jazz, aqui interpreta o completo oposto.

O resto, desde o desenvolvimento da história ao das personagens, já é algo que fica muito aquém do esperado.

E ao pensar nisto e analisar esta situação, o facto de ser este o filme que ganhou o melhor argumento nos Globos de Ouro, vencendo filmes como Hacksaw Ridge, Manchester By The Sea e Nocturnal Animals, torna-se algo ofensivo e absolutamente ridículo.

O filme não tem argumento, ou melhor, tem um argumento extremamente simplista e óbvio, que serve como desculpa para passar de um cenário para outro, apenas para alguém começar a cantar algo diferente.

Até meio do filme, eu estava aborrecido. O argumento arrastava-se lentamente de cena para cena, com demasiados números musicais a impedir que realmente se contasse algo de relevante ao espectador.

Eu gosto de musicais, achei Les Misérables um filme extremamente poderoso, e Sweeney Todd: The Demon Barber Of Flett Street é uma das melhores colaborações entre Burton e Depp, mas eram filmes que tinham uma história bem desenvolvida e personagens com conteúdo.
O terceiro acto é onde a história começa realmente a apressar o passo e o filme ganha mais algum interesse, apesar de ser óbvia a direcção para onde se está a dirigir.
Tem uma montagem no final, que conta uma versão alternativa de tudo o que acabámos de ver, que é melhor que o filme em si.


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As prestações de Emma e Ryan, não vou dizer que estão más, porque seria mentira.

São dois actores extremamente talentosos que têm aqui duas prestações sentidas, com duas personagens muito atraentes, apesar de mal desenvolvidas.

Compreendo a vitória nos Globos de Ouro, já que drama e comédia/musical estão em categorias diferentes, caso contrário qualquer vitória seria injusta.
A realidade é que eles não têm muito que fazer neste filme a não ser cantar e dançar.

As suas personagens, para além de sabermos quais são os seus sonhos, são personagens vazias, praticamente sem passado.

E mesmo o seu presente, passa a voar, sem ocorrer nada de notável. Se isto não fosse um musical, o material narrativo que eles têm aqui contava-se em 30 minutos, se tanto.

Veredicto final: 7/10

É um filme com música excelente, um visual de qualidade e um elenco atraente, mas infelizmente esqueceram-se de desenvolver o seu conteúdo.

Para quem gosta de musicais, tem aqui um trabalho que honra os melhores do género, mas para além de belos números de canções e coregorafias, e um cenário bonito e colorido, não esperem mais do filme.

Gostei, mas não é aquilo que a crítica e os Globos de Ouro nos fizeram acreditar, e muito menos do melhor que 2016 ofereceu.

Fonte: Desassossego


Sobre o Autor

Luis Santos | Desassossego

I don’t like to talk about myself, as to who I am, I don’t really know. Somedays I’m this one thing, the next I’m something else. A kind of undiagnosed schizophrenia. I don’t get bored at least. People who talk about themselves either do it in a very positivie way – arrogant assholes; or they do it in a very neative and unflattering way – emo pussies. I just don’t. I am what I am. Whatever the fuck that is. As to what I like well, just read my shit.